Polícia Federal faz operação contra desvio de canetas emagrecedoras apreendidas no Aeroporto do Galeão

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (21), a Operação Ignota, com objetivo de desarticular uma associação criminosa responsável pelo desvio de canetas emagrecedoras Mounjaro apreendidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, no Galeão. Um servidor federal é acusado de ajudar o grupo a desviar o material. Ele está preso desde agosto, quando foi flagrado deixando o aeroporto com frascos do medicamento na mochila. Segundo o G1, ele trabalhava no setor responsável pelo armazenamento de materiais apreendidos.
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Os agentes cumpriram três mandados de busca e apreensão em uma clínica de estética na Barra da Tijuca, na Zona Sudoeste do Rio, onde trabalha uma médica, esposa de um dos acusados de importar ilegalmente o medicamento. Também houve buscas em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, na residência de outro investigado. Foram apreendidos celulares, ⁠computadores, documentos e um carro.
As investigações tiveram início em agosto, quando o servidor da Anvisa responsável pelo armazenamento de materiais apreendidos foi preso ao deixar o Galeão com cerca de cem frascos de Mounjaro numa mochila.
De acordo com a PF, a investigação, que conta com o apoio da Anvisa, foi iniciada a partir do aumento expressivo de apreensões de remédios para emagrecimento na fiscalização nos aeroportos do Rio. Esses medicamentos eram importados irregularmente e desviados para comercialização em clínicas médicas. Mas a Agência percebeu um sumiço gradual de parte do material apreendido. As canetas eram vendidas irregularmente e com o preço de acordo com a data de validade — quanto mais perto do vencimento, maior o desconto.
Canetas para emagrecimento: tirzepatida, o princípio ativo do Mounjaro
Divulgação
A corporação informa que as canetas eram vendidas de forma ilegal, com descontos, caso os produtos estivessem foram da validade, e por um valor maior caso ainda não tivessem expirado.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, o esquema representa risco à saúde pública, já que os medicamentos eram armazenados e transportados sem controle sanitário, impossibilitando a verificação da procedência e da segurança dos produtos
Os investigados poderão responder pelos crimes de importação e venda de medicamento de procedência ignorada, bem como receptação qualificada.
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O que diz a Anvisa
“A Anvisa está apoiando uma ação da Polícia Federal, iniciada nesta terça-feira (21/10), para combater o contrabando e o desvio de canetas GLP-1, utilizadas para o controle de diabetes e o tratamento da obesidade.
As investigações tiveram início a partir de uma denúncia feita pela própria Agência à Polícia Federal, ainda no primeiro semestre deste ano.
Um servidor está afastado das funções desde agosto deste ano por decisão da Anvisa. Ele responde a um processo administrativo disciplinar (PAD), além do processo judicial.
Desde o início do ano, a Agência tem realizado apreensões de medicamentos do tipo GLP-1 no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ). A fiscalização também já identificou que, em nenhum dos casos de apreensão, é possível garantir as condições de conservação desses medicamentos.
A Anvisa mantém o alerta para que a população só compre medicamentos em farmácias e drogarias. Estes são os únicos lugares autorizados a comercializar medicamentos.
Qualquer medicamento vendido fora de farmácias ou drogarias está irregular.”
Mounjaro
Em junho, a Anvisa aprovou a indicação do Mounjaro, da Eli Lilly, para o tratamento da obesidade no Brasil. O medicamento era permitido para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 2, mas já era utilizado de forma off-label (finalidade diferente da bula) para a perda de peso no país. A publicação da agência dando o aval foi publicada no dia 9 daquele mês no Diário Oficial da União (DOU). A tirzepatida, princípio ativo do medicamento, já tinha recebido o sinal verde também para obesidade em outros países, como Estados Unidos e na União Europeia.
Concorrente do Ozempic (semaglutida), o Mounjaro foi aprovado para pessoas com índice de massa corporal (IMC) de 30 kg/m² ou mais ou entre 27 e 30 kg/m² (sobrepeso), mas com problemas de saúde relacionados ao peso, como pressão alta ou pré-diabetes.
O remédio começou a ser comercializado no Brasil em maio e é disponibilizado na forma de uma caneta autoinjetora de dose única semanal. Cada caixa contém quatro unidades, equivalentes a um mês de tratamento. Geralmente, o paciente inicia com dosagens mais baixas, que vão aumentando conforme orientação médica. Nas farmácias, a caixa pode custar mais de R$ 2.300.
Enquanto fármacos antigos proporcionavam uma perda de 6% a 8% do peso, os estudos com a semaglutida mostraram uma redução de 17,4%, após 68 semanas. Já a tirzepatida levou a uma diminuição de 25,3% do peso após 88 semanas. Ambos os trabalhos foram publicados na revista científica JAMA.
Os medicamentos são chamados de análogos de GLP-1, pois simulam um hormônio de mesmo nome no corpo. Há receptores dele em diferentes locais: no pâncreas, por exemplo, essa interação aumenta a produção de insulina, motivo pelo qual os remédios são usados para diabetes.
Já no estômago, o GLP-1 reduz a velocidade da digestão da comida e, no cérebro, ativa a sensação de saciedade. Com isso, a pessoa sente menos fome e, consequentemente, reduz as calorias ingeridas por dia e perde peso.
A semaglutida simula apenas o GLP-1, porém a tirzepatida é uma nova geração que tem o diferencial de ser um duplo agonista, simulando também um outro hormônio intestinal chamado GIP, o que se acredita ser o motivo para a maior eficácia.
Em um estudo financiado pela Eli Lilly com 751 participantes, publicado no periódico The New England Journal of Medicine, a metade tratada com tirzepatida alcançou uma redução média de peso de 20,2%, enquanto os outros, que receberam a semaglutida, tiveram uma diminuição de 13,7%. Dessa forma, o Mounjaro proporcionou uma perda 47% maior do peso do que o Wegovy e o Ozempic.
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